Desde a década de 60 temos
ouvido muitas referencias sobre os tipos parto: o parto normal, parto de cócoras,
parto Leboyer, parto natural, parto humanizado, parto na água, parto ecológico
e parto fisiológico. Fizemos umq pequena nota sobre as diferentes nomenclaturas
para ajudá-las a entender o que cada um significa.
Parto Normal:
O termo normal está ligado a
uma norma definida por um grupo cultural. Parto normal para uma mulher que mora
em uma grande cidade por exemplo, é aquele que ocorre pela via vaginal, numa
posição horizontal, com a utilização de medicamentos para o aumento da
contração, analgésicos etc. O que é normal numa cidade brasileira não é o mesmo
que para uma mulher que mora na Amazônia ou na Holanda. A partir desta
definição os trabalhos e artigos científicos passaram a evitar a utilização do
termo parto normal.
Parto de Cócoras:
No Brasil, nos anos 80, o médico
obstetra Moyses Paciornick, após estudo com as índias Cainguangues lança o
livro: O Parto de Cócoras – Aprenda a
nascer com os índios. Com isso surge nos grandes centros urbanos
brasileiros um novo modelo de parto. O parto vertical, que oferece a
possibilidade de outras posições para o nascimento, incluindo a possibilidade
de se utilizar as cadeiras de parto de cócoras em um ambiente mais acolhedor. A
posição do parto, no caso, o parto de cócoras passou a ser reconhecido como uma
maneira de parir mais natural, sem intervenções médicas desnecessárias. Este
tipo de parto teve grande divulgação junto ao movimento de mulheres. Parir de
cócoras passou a significar a vivência pela mulher de um parto natural.
Parto Leboyer:
Frédérick Leboyer escreveu o
livro O Nascimento sem Violência–Nascer Sorrindo, que ficou conhecido
internacionalmente. Neste livro o autor nos convida a olhar para o recém
nascido como um indivíduo, e foi a partir dele que surgem as primeiras
transformações no ambiente do parto. O bebê deixa de ser recebido com uma
palmada, a temperatura do ambiente permanece mais aquecida e a luz no ambiente
é baixa.
Parto na Água:
Em Phitiviers, na França,
sob a direção do obstetra Michel Odent (1984) surgem as salas de parto
selvagem e os partos na água dentro do ambiente hospitalar. Durante 23 anos
a maternidade de Phitiviers praticou e mostrou ao mundo outro modelo de parto.
Segundo Odent a utilização da água durante o trabalho de parto surgiu como uma
substituição à utilização de drogas analgésicas. A água atua relaxando e
aliviando a sensação dolorosa, facilitando a dilatação do colo uterino, principalmente
se a entrada na água ocorre após 5 ou 6 cm de dilatação.
Na nossa pratica profissional,
muitas mulheres se utilizam da piscina de parto em algum momento. Nem todas, no
entanto, optam por terem o seu bebê dentro da água. A opção por ter o bebê
dentro da água, ou não, é uma decisão tomada no momento do parto. Esta escolha
deve vir do cérebro instintivo e não do cérebro pensante, o néo-cortex, pois é
o cérebro primitivo o responsável pela produção hormonal que é responsável
pelas contrações uterinas.
Parto Natural:
Atualmente esta designação
do parto nos remete a um parto com baixo nível de intervenção. Um parto sem
utilização de fármacos para aumentar a contração ou de drogas analgésicas para
a mãe. Nascer naturalmente significa nascer da forma como a natureza criou, com
a própria produção endógena de ocitocina. Infelizmente, o uso indiscriminado da
tecnologia no momento do parto tem feito com que estes estejam se tornando mais
difíceis e, portanto, o parto natural está cada vez mais raro em nossa
sociedade.
Parto Humanizado:
Humanizar o parto é dar às
mulheres o que lhes é de direito: um atendimento focado em suas necessidades, e
não em crenças e mitos. A humanização é um conceito tratado pela
Portaria 569/00, do Ministério da Saúde (MS), que institui o Programa de Humanização
ao Pré-natal e Nascimento. A legislação tem como intuito incentivar o parto
normal, reduzir as intervenções cirúrgicas e a quantidade de medicamentos
utilizados neste momento. Destina-se ainda a melhorar a cobertura e a qualidade
do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e aos recém-nascidos. O
programa previa o estímulo a vínculos mais afetivos entre equipe de saúde e
pacientes, e ainda a quebra do rigor hierárquico comum nos relacionamentos em
ambiente hospitalar. Humanizar o parto é dar liberdade às
escolhas da mulher, prestar um atendimento focado em suas necessidades, e não
em crenças, mitos, ou regras institucionais. O cuidado humanizado começa quando
o profissional é capaz de detectar, sentir e interagir com pacientes e
familiares, ou seja, é capaz de estabelecer uma relação de respeito aos seres
humanos e aos seus direitos.
Parto Ecológico
O termo foi usado pela
primeira vez no Congresso Ecologia do Parto e Nascimento ocorrido na UERJ em
2002. O termo compreende parto e nascimento como processos fisiológicos, e a
vivência da parturição pela mulher como ocasião ímpar de contato simultâneo com
sua natureza interior e com o meio ambiente. A esse paradigma dá-se o nome de
Ecologia do Parto e Nascimento.
Parto Fisiológico:
O termo foi bastante
difundido no Brasil a partir dos livros e palestras de Michel Odent. O parto
fisiológico transcende as culturas. É o mesmo, ou muito parecido para todas as
mulheres, mesmo pertencendo a diferentes culturas. Seria o mais próximo à
natureza humana. O termo fisiológico, natural e ecológico são termos similares
e definem o parto com baixa intervenção ou nenhuma intervenção.
Parto Domiciliar
Planejado:
O que em um primeiro momento
pode parecer uma volta ao passado vem se mostrando como uma opção segura
para as mulheres do Brasil e do mundo. Recentemente na Inglaterra, um país que
conta com muitas parteiras profissionais, as midwifes, o Jornal The Independent
publica matéria (14 de maio de 2006) com a secretária de saúde Britânica onde a
mesma afirma: “Revolução no Nascimento. Mais mulheres deveriam dar a luz em
casa, não nos hospitais”.
O
parto domiciliar planejado é uma opção segura para gestações normais, esta
afirmação parte das evidencias cientificas atuais. Recentemente (2012) foi
publicado, na Inglaterra, o estudo conhecido como Birth Place Study – Estudo
Relativo ao local de parto, cujo objetivo foi comparar os resultados maternos e
fetais, de acordo com o local planejado de nascimento para mulheres com
gestação de baixo risco. Este foi um estudo de coorte prospectivo e dele
participaram quase 65.000 mulheres com gravidez única e com término da gravidez
entre trinta e sete ou mais semanas de gestação. Estas mulheres deram a luz
entre abril de 2008 e abril de 2010, planejaram dar à luz no domicílio, nos
Centros de Parto (CP) ligados à estrutura hospitalar (alongside midwifery
units) ou os extra-hospitalares (freestanding birth center). As conclusões do
estudo dão suporte às políticas que oferecem às mulheres de baixo risco
obstétrico a opção de escolha do local de parto. O estudo afirma que resultados
adversos são incomuns em todos os locais, e que as intervenções são menos
frequentes nos partos que acontecem fora do ambiente hospitalar. (BIRTH PLACE,
2011).
O parto
domiciliar planejado é uma possibilidade de escolha tanto para a atuação
profissional daqueles que possuem habilitação para atuar no momento do parto,
bem como para as mulheres e suas famílias, desde que seja garantida uma
referência para uma unidade hospitalar mais próxima da residência da mulher.
Heloísa
Lessa
Sabrina
Seibert
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