sexta-feira, 15 de março de 2013

Tipos de Parto


Desde a década de 60 temos ouvido muitas referencias sobre os tipos parto: o parto normal, parto de cócoras, parto Leboyer, parto natural, parto humanizado, parto na água, parto ecológico e parto fisiológico. Fizemos umq pequena nota sobre as diferentes nomenclaturas para ajudá-las a entender o que cada um significa.

Parto Normal:
O termo normal está ligado a uma norma definida por um grupo cultural. Parto normal para uma mulher que mora em uma grande cidade por exemplo, é aquele que ocorre pela via vaginal, numa posição horizontal, com a utilização de medicamentos para o aumento da contração, analgésicos etc. O que é normal numa cidade brasileira não é o mesmo que para uma mulher que mora na Amazônia ou na Holanda. A partir desta definição os trabalhos e artigos científicos passaram a evitar a utilização do termo parto normal.

Parto de Cócoras:
No Brasil, nos anos 80, o médico obstetra Moyses Paciornick, após estudo com as índias Cainguangues lança o livro: O Parto de Cócoras – Aprenda a nascer com os índios. Com isso surge nos grandes centros urbanos brasileiros um novo modelo de parto. O parto vertical, que oferece a possibilidade de outras posições para o nascimento, incluindo a possibilidade de se utilizar as cadeiras de parto de cócoras em um ambiente mais acolhedor. A posição do parto, no caso, o parto de cócoras passou a ser reconhecido como uma maneira de parir mais natural, sem intervenções médicas desnecessárias. Este tipo de parto teve grande divulgação junto ao movimento de mulheres. Parir de cócoras passou a significar a vivência pela mulher de um parto natural.

Parto Leboyer:
Frédérick Leboyer escreveu o livro O Nascimento sem Violência–Nascer Sorrindo, que ficou conhecido internacionalmente. Neste livro o autor nos convida a olhar para o recém nascido como um indivíduo, e foi a partir dele que surgem as primeiras transformações no ambiente do parto. O bebê deixa de ser recebido com uma palmada, a temperatura do ambiente permanece mais aquecida e a luz no ambiente é baixa.

Parto na Água:
Em Phitiviers, na França, sob a direção do obstetra Michel Odent (1984) surgem as salas de parto selvagem e os partos na água dentro do ambiente hospitalar. Durante 23 anos a maternidade de Phitiviers praticou e mostrou ao mundo outro modelo de parto. Segundo Odent a utilização da água durante o trabalho de parto surgiu como uma substituição à utilização de drogas analgésicas. A água atua relaxando e aliviando a sensação dolorosa, facilitando a dilatação do colo uterino, principalmente se a entrada na água ocorre após 5 ou 6 cm de dilatação.
Na nossa pratica profissional, muitas mulheres se utilizam da piscina de parto em algum momento. Nem todas, no entanto, optam por terem o seu bebê dentro da água. A opção por ter o bebê dentro da água, ou não, é uma decisão tomada no momento do parto. Esta escolha deve vir do cérebro instintivo e não do cérebro pensante, o néo-cortex, pois é o cérebro primitivo o responsável pela produção hormonal que é responsável pelas contrações uterinas.

Parto Natural:
Atualmente esta designação do parto nos remete a um parto com baixo nível de intervenção. Um parto sem utilização de fármacos para aumentar a contração ou de drogas analgésicas para a mãe. Nascer naturalmente significa nascer da forma como a natureza criou, com a própria produção endógena de ocitocina. Infelizmente, o uso indiscriminado da tecnologia no momento do parto tem feito com que estes estejam se tornando mais difíceis e, portanto, o parto natural está cada vez mais raro em nossa sociedade.

Parto Humanizado:
Humanizar o parto é dar às mulheres o que lhes é de direito: um atendimento focado em suas necessidades, e não em crenças e mitos. A humanização é um conceito tratado pela Portaria 569/00, do Ministério da Saúde (MS), que institui o Programa de Humanização ao Pré-natal e Nascimento. A legislação tem como intuito incentivar o parto normal, reduzir as intervenções cirúrgicas e a quantidade de medicamentos utilizados neste momento. Destina-se ainda a melhorar a cobertura e a qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e aos recém-nascidos. O programa previa o estímulo a vínculos mais afetivos entre equipe de saúde e pacientes, e ainda a quebra do rigor hierárquico comum nos relacionamentos em ambiente hospitalar. Humanizar o parto é dar liberdade às escolhas da mulher, prestar um atendimento focado em suas necessidades, e não em crenças, mitos, ou regras institucionais. O cuidado humanizado começa quando o profissional é capaz de detectar, sentir e interagir com pacientes e familiares, ou seja, é capaz de estabelecer uma relação de respeito aos seres humanos e aos seus direitos.

Parto Ecológico
O termo foi usado pela primeira vez no Congresso Ecologia do Parto e Nascimento ocorrido na UERJ em 2002. O termo compreende parto e nascimento como processos fisiológicos, e a vivência da parturição pela mulher como ocasião ímpar de contato simultâneo com sua natureza interior e com o meio ambiente. A esse paradigma dá-se o nome de Ecologia do Parto e Nascimento.

Parto Fisiológico:
O termo foi bastante difundido no Brasil a partir dos livros e palestras de Michel Odent. O parto fisiológico transcende as culturas. É o mesmo, ou muito parecido para todas as mulheres, mesmo pertencendo a diferentes culturas. Seria o mais próximo à natureza humana. O termo fisiológico, natural e ecológico são termos similares e definem o parto com baixa intervenção ou nenhuma intervenção.

Parto Domiciliar Planejado:
O que em um primeiro momento pode parecer uma volta ao passado vem se mostrando como uma opção segura para as mulheres do Brasil e do mundo. Recentemente na Inglaterra, um país que conta com muitas parteiras profissionais, as midwifes, o Jornal The Independent publica matéria (14 de maio de 2006) com a secretária de saúde Britânica onde a mesma afirma: “Revolução no Nascimento. Mais mulheres deveriam dar a luz em casa, não nos hospitais”.
O parto domiciliar planejado é uma opção segura para gestações normais, esta afirmação parte das evidencias cientificas atuais. Recentemente (2012) foi publicado, na Inglaterra, o estudo conhecido como Birth Place Study – Estudo Relativo ao local de parto, cujo objetivo foi comparar os resultados maternos e fetais, de acordo com o local planejado de nascimento para mulheres com gestação de baixo risco. Este foi um estudo de coorte prospectivo e dele participaram quase 65.000 mulheres com gravidez única e com término da gravidez entre trinta e sete ou mais semanas de gestação. Estas mulheres deram a luz entre abril de 2008 e abril de 2010, planejaram dar à luz no domicílio, nos Centros de Parto (CP) ligados à estrutura hospitalar (alongside midwifery units) ou os extra-hospitalares (freestanding birth center). As conclusões do estudo dão suporte às políticas que oferecem às mulheres de baixo risco obstétrico a opção de escolha do local de parto. O estudo afirma que resultados adversos são incomuns em todos os locais, e que as intervenções são menos frequentes nos partos que acontecem fora do ambiente hospitalar. (BIRTH PLACE, 2011).
O parto domiciliar planejado é uma possibilidade de escolha tanto para a atuação profissional daqueles que possuem habilitação para atuar no momento do parto, bem como para as mulheres e suas famílias, desde que seja garantida uma referência para uma unidade hospitalar mais próxima da residência da mulher.



Heloísa Lessa
Sabrina Seibert

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