sexta-feira, 26 de abril de 2013

FISIOLOGIA DO PARTO: A Gênese do Homem Ecológico


Texto elaborado e traduzido por Heloisa Lessa e editado por Sabrina Seibert a partir do artigo: Parto em casa planejado nos países industrializados –Michel Odent. Who –Regional Office, 1991

Fisiologia do parto:

Não devemos confundir o termo fisiológico com normal. Uma atitude ou um comportamento podem ser considerados normais em um dado país, mas não em outro. O fisiológico é um ponto de referência do qual tentamos não nos afastar muito. Os fisiologistas exploram as funções normais do corpo, o que é universal, o que atravessa as culturas. Após milênios de interferências culturais rotineiras no processo de parto, é mais necessário do que nunca voltar as suas raízes, e buscar aquilo que é fisiológico no nascimento humano.
Para parir, uma mulher precisa liberar um coquetel de hormônios (ocitocina, endorfinas, prolactinas, catecolaminas, etc). Todos estes hormônios tem suas funções controladas pelo cérebro. Podemos dizer que, quando uma mulher está em trabalho de parto, a parte mais ativa de seu corpo é seu cérebro primitivo – aquelas estruturas muito antigas (o hipotálamo, a glândula pituitária etc.), que compartilhamos com todos os outros mamíferos.
Cem anos antes de Darwin, Jean Jaques Rousseau incluía a raça humana no reino animal. Ele nos coloca que durante seus 25 anos de pesquisa aprendeu que os seres humanos são mamíferos. Para dar a luz as fêmeas mamíferas secretam hormônios, os mesmos hormônios que estão presente nos partos das mulheres. Esses hormônios são secretados pelas estruturas cerebrais mais primitivas, as mesmas de outros mamíferos. Essas semelhanças podem ser um ponto inicial para a compreensão de todo o processo de parto na nossa espécie. Quando consideramos o parto como um processo involuntário, que envolve velhas e primitivas estruturas cerebrais inerentes aos mamíferos deixamos de lado a afirmação de que as mulheres devem apreender a parir. Dentro desta visão ninguém ajuda ninguém a parir! O que se pode fazer é manter a privacidade, apoiar, impedir a invasão neste momento impar para permitir a mulher o encontro com suas raízes mais profundas. O Dr. Odent está convencido que os achados de Newton são aplicados à espécie humana. Nós não devemos ter vergonha de reconhecermos que outros mamíferos podem nos ajudar a redescobrir algumas coisas que havíamos esquecido.
O ser humano não pode perder o contato com suas raízes impunemente. O parto e o nascimento são momentos privilegiados para compreendermos esta regra fundamental. As raízes mais superficiais são as culturais. O parto expontâneo de uma mulher completamente separada de seu meio cultural é sempre difícil senão impossível. A mulher que dá a luz, por exemplo, tem a necessidade de se exprimir em sua própria língua e a partir de um determinado momento do trabalho de parto ela tende a simplificar seu vocabulário e a usar apenas as palavras apreendidas na primeira infância.
Sem este contato necessário com as raízes culturais, não pode haver o contato necessário com as raízes filogenéticas, ou seja as raízes mais profundas. O contato com nossas raízes filogenéticas é sinônimo da escuta do cérebro instintivo, do cérebro víscero-afetivo. Este contato com as raízes animais se traduz concretamente, por parte da mãe, pela procura de posições que não são especificamente humanas, como a posição de quatro, e por modo de expressões  pré-verbais, tais como o grito.
Segundo Odent (1981). Todos os mamíferos se isolam na hora do parto. Eles precisam de privacidade. É a mesma coisa com os humanos e devemos estar sempre atentos a esta necessidade básica no que diz respeito ao parto.
Durante as últimas duas décadas muitos bebês têm nascido num ambiente tecnológico. Os obstetras acreditam que monitorando o coração fetal continuamente vão poder intervir e salvar alguns bebês que estejam correndo risco. Eles estavam convencidos que esta era a forma de tornar os partos mais seguros. Esta convicção, porém não teve suporte nas evidencias científicas.
Muitas evidências recentes sugerem que a era dos partos eletrônicos esteja chegando ao fim. Nós estamos num momento de virada  turn in poin ) na história da obstetrícia. Um marco nesta mudança foi o artigo publicado em 12 de dezembro de 87 no jornal medico Lancet um dos mais respeitados do mundo. O artigo comparava oito estudos que foram realizados na Austrália, Estados Unidos e Europa envolvendo centa de 10.000 partos onde se comparavam grupos de mulheres parindo com monitorização fetal e mulheres parindo com parteiras que mal ouviam intermitentemente o coração dos bebês. As conclusões finais são que estatisticamente o uso do monitor fetal só fez aumentar as taxas de cesáreas e partos com a utilização do fórceps. Nenhuma outra diferença significativa pode ser mostrada entre estes dois grupos quando comparamos o numero de crianças que nasceram vivas ou com boa saúde.
O declínio nas taxas de mortalidade no período do nascimento no ultimo século e que continua nas ultimas três décadas pode ser explicado por outras razões e não pela monitorização fetal  continua nos partos.
O tempo é chegado de considerarmos os efeitos que o meio ambiente exerce no processo do parto e no primeiro contato entre a mãe e o bebê . Temos que começar a responder a questões simples e a nos prepararmos para uma era pós-eletronica  Para muitos que trabalham na área da obstetrícia e no Brasil, para a ampla maioria dos profissionais, estas conclusões são difíceis de se integrarem nas suas convicções anteriores, mas para alguns médicos e parteiras isso apenas confirmava o óbvio.
Questões simples são a chave para compreendermos o parto de outra óptica. Por exemplo, que o ambiente pode inibir a parturição humana. Que tipo de ambiente pode inibir o trabalho de parto? Que tipo de ambiente pode influir negativamente no primeiro contato entre a mãe e o bebê e a amamentação/
Em estudos realizados com outros mamíferos por Niles Newton na década de 60 fica claro que um ambiente estranho ou que a mudança de ambiente durante o parto é totalmente prejudicial. A parturiente precisa reconhecer o cheiro e o local que devem pertencer a sua vida diária. A proposta assistencial que vem sendo adotada em algumas unidades de assistência ao parto que é a cama PPP vem de acordo com este preceito teórico aonde a mulher não deve mudar de lugar durante as diferentes fases do trabalho de parto. A cama PPP é sem dúvida nenhuma um grande avanço no atendimento a parturiente no parto institucionalizado.
Muito outras questões podem ser levantadas a partir de um olha critico sobre o processo fisiológico do parto. Tais questões podem ser vistas no libro do Dr. Michel Odent intitulado A gênese do Home Ecológico, e serão paulatinamente discutidos em nosso blog.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Roda BBB de Abril de 2013


No dia 12 de abril de 2013 foi realizada nossa Roda BBB no Espaço Saúde em Laranjeira, contando com a presença de várias famílias e amigos para uma conversa cujo tema foi “A formação da nova família”.

Tópicos como alegria com a chegada do nosso ser ao núcleo familiar, a cumplicidade e companheirismo de vidas distintas, a quebra de certas vaidades, a entrega, o amor, a nova vida que surge, o ciúme, as adaptações e surpresas agregadas a mudança que ocorre no novo momento, o medo do novo, a criação de novos conceitos e pensamento, a confusão englobada na transição do novo modelo e o amadurecimento individual e coletivo, foram discutidos nesse encontro tão enriquecedor e recompensador.

Através da dinâmica com palavras chaves sobre a formação da nossa família, escritas em papeis, seguida da troca dos mesmos, exploramos visões diferentes sobre o tema e conversamos sobre pontos importantes na vida de cada um presente no encontro.

Conhecemos também várias histórias e depoimentos lindos e emocionantes que fortaleceram mais o vínculo criado, acalentando os corações neste momento especial e único em que todos se encontravam.

Encerramos o encontro com a linda canção “Anunciação” de Alceu Valença onde todos se uniram num só coro de vozes e corações, ansiando o próximo BBB em maio, com muita alegria e energias positivas.