quarta-feira, 27 de março de 2013

A Ecologia do Parto e Nascimento


Texto elaborado e traduzido por Heloisa Lessa e editado por Sabrina Seibert a partir do artigo: Planned home birth in industrialized countries (Parto domiciliar planejado nos países industrializados ) –Michel Odent. Who. Volume 7 of EUR/ HFA target –Regional Office, 1991.


A Ecologia do Parto e Nascimento


Os dados da ciência são suficientes para afirmar que nosso mundo está acabado, que os recursos terrestres são findáveis, que a poluição do ar, da água e da terra não deverá ultrapassar certos limites e que um crescimento demográfico excepcional está proibido. Os dados da ciência são suficientes para afirmar que a sobrevivência da espécie impõe uma revolução ecológica e esta revolução é uma dinâmica de sobrevivência na escala da espécie.
O que nos reserva a revolução ecológica é uma solidariedade entre as espécies vivas. O homem ecológico está totalmente a ser descoberto e a ser realizado. Está na hora do homem tomar seu destino na mão enquanto espécie.
A sociedade industrial tem um efeito destruidor ao desequilibrar a biosfera, esta fina película de vida que recobre o planeta. A sociedade industrial destrói ainda mais rapidamente e com mais segurança, o próprio ser humano ao automatizá-lo. Qual a distância entre o conhecimento e a tomada de consciência? A tomada de consciência é pôr o conhecimento em relação à prática. A tomada de consciência supõe a integração de um conhecimento novo com outros conhecimentos anteriormente adquiridos. A tomada de consciência é um fenômeno especificamente humano, em oposição ao adestramento e ao condicionamento. A tomada de consciência supõe um acordo, uma harmonia entre o conhecimento do cérebro superior lógico, racional e o cérebro emocional.
A partir de 1974 o Dr Michel Odent e sua equipe começaram estudos com relação as condições de nascimento nos paises industrializados. O fenômeno Leboyer surgiu com uma sucessão de obras destinadas ao grande público e com profunda ressonância mundial. Este apareceu como uma tomada de consciência de efeito destruidor sobre as sociedades industriais .É o ponto de partida de um questionamento das condições habituais de nascimento.
A maternidade onde o Dr Michel Odent e sua equipe trabalhavam se chamava Phitivieres e se situava na França. Para o profissional que chega como observador, as surpresas eram inúmeras. Sua prática era tão diferente da obstetrícia ensinada que algumas pessoas já sugeriram um novo tratado de obstetrícia, uma obstetrícia posterior a Leboyer. Esta nova obstetrícia estaria inscrita em uma nova cultura, uma contra cultura que alguns gostavam de chamar de sociedade pós-histórica e outros de sociedade ecológica.
Esta nova obstetrícia estava inscrita em uma sociedade onde o ser humano, ou os grupos humanos, na medida em que seguem a sua evolução podem guardar um contato com as suas raízes, desde as mais profundas, comuns a todas as formas de vida, até as mais superficiais, que pertencem à história individual. A esta obstetrícia dar-se-á o nome de eco-obstetricia.
A eco-obstetrícia pode ser evocada, pode ser abordada. Podemos penetrá-la, podemos explorá-la, mas não podemos analisá-la ou estuda-la metodologicamente, porque ela exclui tudo que se assemelha a um método. Ela aceita a improvisação e a escolha. Esta obstetrícia pode ser explorada e compreendida a partir de algumas experiências concretas nas “maternidades convivais” que em alguns pontos do mundo ocidental começaram a se individualizar. As maternidades clássicas são, cada vez mais, dominadas pelas senhas, saídas do estado maior médico que impõe, ao conjunto da equipe, para cada situação, uma atitude precisa.
O Dr. Odent e sua equipe acreditavam que: o parto, bem como a mamada, são situações que pertencem à vida emocional, à vida afetiva e à vida sexual. Isto é, a importância do ambiente humano. A importância do ambiente material e do mobiliário. A compreensão de que o primeiro fator de segurança em uma maternidade é uma atmosfera que facilite os partos. A compreensão de que está muito próximo o limite além do qual a invasão pela maquina, pela instituição e pela medicina será mais nefasta que útil.
Essa situação, em que muitas vezes o ambiente não facilita, e pelo contrário, atrapalha  a manifestação fisiológica e prazerosa no parto é o que vivemos hoje!

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