Barrigas, Bebês e Bigodes leva
Alimentaçao e Gestação à pauta do encontro
Escrito por Arnaldo
V. Carvalho e Natalia Correa
Na última sexta feira, 10 de maio, aconteceu a segunda
edição do ano de nossa roda de gestantes, casais grávidos e seus filhotes, o “Barrigas
Bebês e Bigodes”, ou simplesmente BBB. Foi no Espaço Saúde, em Laranjeiras, e
contou com a presença de várias famílias e amigos para um bate papo sobre
alimentação e gestação.
Nossa equipe de profissionais compareceu com Natalia,
Bruna, Arnaldo, Diana, Ariana, Marcella e Laura Uplindger e trouxe informações
preciosas que ajudaram às muitas dúvidas surgidas a partir da troca de
experiências.
Iniciamos conversando sobre como os alimentos podem transpassar a barreira placentária e chegar até
o bebê, oferecendo experiências de paladar e mesmo de olfato[i], modificando
seus gostos e preferências para toda a vida[ii].
Algumas gestantes se colocaram falando sobre alimentos que em geral não gostam
tanto, mas têm sentido vontade de comer e vice-versa – o que talvez sugira uma
influência do bebê nos próprios desejos. A partir daí houve a manifestação da
vontade de comer doce em certos períodos gestacionais.
Debatemos então sobre como alimentos com alto teor glicêmico[iii] atua em nosso corpo, forçando a uma
produção aumentada de insulina e alterando todo nosso metabolismo, associado às
suas repercussões na gravidez e após. Foi comentada a explicação do obstetra
francês Michel Odent[iv] sobre o assunto, que vêm
sendo tratado de forma equivocada por muitos profissionais[v].
Após uma explicação do naturopata Arnaldo explicou o funcionamento do
metabolismo dos açúcares e o requerimento de insulina, falou-se sobre diversos
desses alimentos e seu teor, e como equilibrar o corpo a partir disso[vi].
Gorduras, proteínas e carnes entraram em pauta na
conversa e muitas dúvidas surgiram. Foi explicado superficialmente sobre o
haver diferença entre os tipos de gordura, com ênfase no fato de que os ácidos
graxos essenciais conhecidos como ômega 3 e 6 desempenham importantes funções metabólicas.
Também houve preocupação em relação ao mito da carne e suas procuradas
características nutricionais (notadamente ferro, aminoácidos essenciais e
vitamina B12). A partir daí foi possível abordar a questão da qualidade
protéica de muitos alimentos, e como seria possível uma gravidez
nutricionalmente sadia sob o ponto de vista protéico mesmo entre vegetarianos.
Os aminoácidos essenciais estão presentes integralmente em proteínas animais
(carnes, ovo, leite), mas também na soja, quinoa e um grupo mais restrito de
vegetais, mas tais necessidades de aminoácidos são igualmente obtíveis através
da combinação de outras fontes protéicas vegetais e do reino fungi (cogumelos).
Várias estratégias foram conversadas a fim de se pensar
no equilíbrio dos vários nutrientes de acordo com a forma de se alimentar de
cada um (confira em anexo algumas que anotamos, vindas dos profissionais
orientadores e também das próprias gestantes!)
As gestantes trouxeram a questão dos enjôos do começo da
gravidez e a baixa ingestão alimentar em função disso. Muitas se surpreenderam
ao descobrir que os enjôos indicam uma forte saúde placentária, com condições
de garantir a boa nutrição fetal inclusive, segundo apontam estudos recentes[vii].
O tempo passou como vento, e sem que percebêssemos, já
era hora da despedida.
A nosso convite, a médica e focalizadora de danças
circulares Eliene Sobreiro organizou nosso fechamento com duas danças coletivas
que nos ajudaram a alimentar também o coração e a alma, deixando em todos a
doce e alegre expectativa do próximo BBB!
Obrigado a todas as
gestantes e casais grávidos que compareceram no BBB, que inspirem-se cada vez mais e seus bebês surjam para
um mundo melhor, mais tranqüilo, saudável, pacífico honesto e feliz.
* * *
* Arnaldo V. Carvalho é naturopata e psicoterapeuta
corporal; Natalia Correia é enfermeira obstétrica. Ambos fizeram juntos o curso
de Atualização em Gestação e Parto Ecológico com Heloísa Lessa e Michel Odent,
e fazem parte da Equipe Parto Ecológico, promotora do BBB.
Dicas que podem ser
uteis não só as gestantes, como para todos:
õ Em churrascos pode-se usar berinjela fatiada, passada no
sal grosso e assada como opção para as pessoas que não consomem carne.
õ Podemos obter os nutrientes necessários para o
metabolismo dos aminoácidos essenciais através da mistura de leguminosa e
cereais nas refeições (como por exemplo o famoso feijão com arroz integral),
sendo uma boa opção para vegetarianos.
õ Banhos de sol diários é a melhor forma de obtenção da
Vitamina D, no lugar de complementos vitamínicos.
õ Água é muito importante para o organismo materno e fetal,
não podendo ser esquecida durante o dia.
õ Chás podem auxiliar na digestão e nos trazem sensação de
aconchego, podendo ser útil em vários momentos do dia. O chá de anis estrelado,
por exemplo, é uma boa opção, agindo como digestivo e leve relaxante muscular
nas tensões comuns da gravidez.
õ O uso de uma tabela de índice glicêmico[viii],
para se controlar melhor a ingestão dos alimentos pode oferecer mais energia
sem riscos de alterações no metabolismo do açúcar (consulte o guia de
referências deste artigo).
Referências - Sugestões de literatura
para quem quiser saber mais!
[i] Odent, Michel. A Cientificação do Amor. Ed.
Saint Germain.
[ii] Relação
Mãe-Feto: Conferência de Marie-Claire Busnel proferida no V Encontro para o
Estudo do Psiquismo Pré e Perinatal. Material organizado por Joanna Wilhelm.
[iii] Saiba
mais sobre índice glicêmico: http://diabetesbr.wordpress.com/indice-glicemico-2/
[iv] Michel
Odent, cientista francês, é hoje considerado a maior autoridade mundial em
obstetrícia e saúde primal. Saiba mais: http://en.wikipedia.org/wiki/Michel_Odent
[v] Odent, Michel. “Gestational
Diabetes – A Diagnosis still looking for a disease?”. In: Primal Health
Research Centre. 2004.
[vi]
Um bom livro sobre Teor Glicêmico, o funcionamento do mecanismo insulínico e as
reações bioquímicas chama-se Sugar Busters. O apelo do tema é sobre
emagrecimento e não gestação. Mas as informações científicas estão descritas de
uma maneira extremamente simples embora completa.
[vii] Odent,
Michel. A Cientificação do Amor. Ed. Saint Germain. P70-73.